Renato Andrade nasceu em Franca (SP). Aos cinco anos, mudou-se com a família para Ribeirão Preto (SP), hoje mora em Bonfim Paulista (SP). Cartunista, desenhista e artista gráfico, Renato transita também pela publicidade, incorporando uma obra artística que passa pela ilustração, cartunismo, design, pintura e até a tridimensionalidade. Já realizou exposições no SESC de Ribeirão Preto e Pinheiros (SP), na Casa da Cultura e no Museu de Arte de Ribeirão Preto, entre outras galerias. Nós, da a_bsurda, somos extremamente fãs!
1. Além de um grande artista, você é um cartunista foda. Então conta pra gente: qual é a relação entre humor e criatividade? Quando era moleque adorava criar e desenhar histórias: faroeste, ficção científica, terror…só que acompanhando o traço também fazia as vozes das personagens. Comecei a perceber que às vezes me divertia mais fazendo entonações engraçadas do que o próprio desenho. Depois comecei a devorar a MAD e o Pasquim e tornar-se cartunista virou minha meta. Acho que tudo que faço tem uma boa dose de humor, seja em ilustração, publicidade, artes plásticas… só minhas charges que de vez em quando saem tristes.
2. Quais são suas referências criativas e a sua maior influência na hora de criar? Millôr Fernandes, Pelicano, Glauco, Keith Haring, Fernando Sabino, Picasso, Dalton Trevisan, Seinfield…vixe, encheria um pacote de Chamequinho aqui. Na hora de criar vem tudo isso e mais cinema, desenho animado, TV, papos com amigos e palhaçadas com meus filhos.
3. De onde você tira suas ideias? Há um segredo? Um método? Um hábito? Conte tudo, não nos esconda nada. As ideias vêm muito no banho e fazendo caminhadas mas sempre depois de uma imersão lascada num coquetel de leitura, Netflix, besteirol puro (tipo Pânico na Pan) e idas à quitanda ou padaria aqui em Bonfim.
“GALGO”- ACRÍLICA, POSCA, GIZ PASTEL E SPRAY – 150 X 150 CM – 2018
4. E bloqueios, rola? Se sim, como você faz para vencê-los? Claro, vivo correndo dos bloqueios mas de vez em quando eles me pegam, daí dou um tempo. Vou lavar louça, botar roupa suja na máquina, rabiscar à esmo…espero eles (bloqueios) acharem que me ferraram o dia, irem atrás de outros criadores e corro pro estúdio.
5. Você já trabalhou com publicidade, né, você curtia? Curte? Por quê? Curto muito. Adorava o clima das agências quando havia mais interação entre as pessoas, hoje os fones gigantes de ouvidos impedem um pouco a jogação de conversa fora. Criar sob um prazo apertado e com uma temática estabelecida me estimula muito.
6. Rapidinhas: um livro, um filme, uma música, uma comida, uma data. “Encontro marcado” – Fernando Sabino. “Adaptação” – Spike Jonze. “Ele me deu um beijo na boca” – Caetano Veloso. Bolinho de arroz com queijo. 6 de dezembro de 2007, dia do nascimento de meu filho Lino.
7. Qual a coisa mais inovadora que você já fez até hoje? Dá para catalogar?…essa é difícil viu. É que atuo em tantas frentes que fica complicado escolher. Gostei muito da experiência de roteirizar e fazer a voz do Atail Meneses, personagem de desenho animado junto com o amigo e talentosíssimo Thomate.
8. Momento Dalai Lama. Qual o conselho você daria para quem quer ser mais criativo? Não tenha preconceito com nada. Da “Praça é Nossa” aos documentários mais cabeçudos tente absorver o que te faz refletir ali, sempre vai aparecer alguma coisa. Leia mais, veja mais filmes, escreva. Você, muito mais do que eu, sabe que a escrita é um puta exercício para melhorar a criatividade.
9. Segura essa: se você fosse Deus, o que criaria? Acho que um centro para reciclagem de caráter. Um lugar onde os canalhas passassem por vivências e exercícios e aprendessem a virar gente do bem. Altamente indicado para políticos.
9 ½. Desafio: Faça uma frase juntando “Temer”, “canibal” e uma terceira palavra à sua escolha, mas que comece com a “sílaba pre”… “Um canibal preparou o Temer mas não comeu, cheirou mal”
Hahaha. Gênio. Muito obrigado, Rena!
*entrevista publicada originalmente em 28/02/2018 em www.absurda.co
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